Diário do Mercado na 2ª feira, 28.05.2018,
Temores em relação ao cenário econômico e fiscal derrubam Ibovespa
Resumo.
O índice doméstico mergulhou em sua maior perda diária (-4,49%) desde o estresse envolvendo a JBS em maio de 2017 - quando recuou quase 9%. A despeito do acordo noticiado pelo governo no oitavo dia de greve dos caminhoneiros, há ainda diversos bloqueios parciais pelo país – em razão, principalmente, da liderança difusa da categoria.
O extenso e capilar movimento [dos Caminhoneiros] já gerou graves efeitos à economia, da falta de itens essenciais nos supermercados aos prejuízos na indústria nacional.
A deterioração no âmbito econômico já gera maior pessimismo em relação ao crescimento do país no ano, bem como piora o panorama fiscal, instalando também nova instabilidade política.
Os ganhos do Ibovespa no ano, que chegaram a atingir 15%, foram negativados na sessão, dados o desmantelamento da confiança dos investidores e o desarme de posições. Já o dólar volta a beirar o maior patamar em mais de dois anos, mesmo com forte oferta de swaps pelo Bacen. Os juros futuros seguem também na esteira de alta, encerrando nas máximas do dia.
Ibovespa.
O índice afundou logo nos primeiros minutos de pregão, chegando a ensaiar leve recuperação durante a tarde, mas tornou a ceder no fim, encerrando praticamente na mínima. Apenas dois dos 64 papéis avançaram; ajudadas pelo câmbio, Fibria e Suzano incrementaram a já firme alta do ano.
Com queda 15% e no centro da crise, a Petrobras foi a principal responsável pela queda do Ibovespa, seguida por outras estatais e por Itaú e Bradesco.
O índice encerrou aos 75.355 pts (-4,49%), acumulando recuo de -12,49% no mês, -1,37% no ano e alta de 17,59% em 12 meses. O volume preliminar da Bovespa foi de R$ 11,22 bilhões, sendo R$ 10,65 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 5ª feira, 24.05, último dado disponível, houve retirada líquida de capital estrangeiro em R$ 1,568 bilhão da bolsa, marcando a sexta sessão seguida de fuga. O saldo negativo de maio se intensificou para R$ 5,487 bilhões e o saldo no ano, que era positivo, passou a ser deficitário em R$ 1,065 bilhão.
Agenda Econômica.
A Receita Federal divulgou a arrecadação total de abril no montante de 130,806 bilhões – ligeiramente acima do consenso em 128,200 milhões. O resultado é 7,83% (descontada a inflação) maior que o valor arrecadado em abril de 2017 e 23,53% maior que o mês anterior.
De janeiro a abril de 2018 a arrecadação alcançou os R$ 497,208 bilhões no melhor desempenho para o período desde 2014. Já a taxa de inadimplência em empréstimos livres para a pessoa física subiu a 5,1% em abril, ante 5,0% em março.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) seguiu apreciando nesta segunda-feira, ao sabor das notícias do cenário doméstico, dado os feriados nos EUA e Reino Unido. Mesmo com a ampliada oferta de swaps pelo Bacen, o real registrou o pior desempenho ante a cesta das principais moedas, bem como frente a cesta de pares emergentes.
A divisa fechou cotada a R$ 3,7330 (+1,91%), perto da máxima de 18 de maio – maior cotação em mais de dois anos. O dólar acumula alta de 6,54% no mês, 12,61% no ano e 14,26% em 12 meses.
Risco País.
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos se manteve aos 193 pts, mesma pontuação da 6ª feira.
Juros.
Os juros futuros encerraram a sessão regular em alta, refletindo crise nos âmbitos econômico, político e fiscal intensificada pelo movimento grevista dos caminhoneiros e seus desdobramentos.
A elevação se deu em toda a estrutura a termo e boa parte dos contratos fecharam o pregão em suas máximas, os maiores ajustes ocorreram nas seções curta e longa da curva.
Para a semana.
No Brasil, destaque para dados do PIB, taxa de desemprego, resultado nominal do setor público, arrecadação de impostos, confiança do consumidor CNI e PMI Manufatura. Já nos EUA, ênfase absoluta para a divulgação do PCE e seu núcleo (inflação ao consumidor), assim como a segunda prévia do PIB do 1T18, e dados do mercado de trabalho com o payroll.
Confira no anexo a íntegr do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 2805.2018, elaborado por RICARDO VEITES, CNPI, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI, ambos do BB Investimentos